“Se não encaminhar [a proposta para os militares], [a tramitação da Previdência] vai atrasar”, enfatizou Rodrigo Maia
Em evento organizado pela Folha de S. Paulo
, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), condicionou a tramitação da reforma da Previdência à apresentação, por parte do governo, de um Projeto de Lei (PL) que trate da aposentadoria dos militares. O texto adicional foi prometido pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), mas ainda não foi enviado ao Congresso Nacional.
“Disse ao Onyx [Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil] que se não encaminhar [a proposta para os militares], [a tramitação da reforma da Previdência
] vai atrasar. Eu já disse ao governo que vamos dar tratamento paralelo aos dois projetos”, garantiu o deputado. “Não mandaram o PL dos militares. Então, na semana que vem, mesmo que chame para instalar as comissões, não vai [acontecer a votação]”, reforçou.
No último sábado (23), a O Estado de S.Paulo
, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, afirmou que o governo deve enviar a proposta para a aposentadoria dos militares antes do dia 20 de março, prazo estabelecido inicialmente. Segundo informações do jornal, que corroboram com as declarações de Maia, os deputados querem segurar a tramitação da reforma até que o governo encaminhe o projeto para o regime dos militares.
Rodrigo Maia também fez um apelo aos servidores públicos, que já começaram a resistir à reforma da Previdência
Durante o evento, o presidente da Câmara também fez um apelo aos servidores públicos, que já começaram a oferecer resistência à reforma da Previdência
. “A proposta do governo é ampla, dura, atinge forte a camada de cima dos Poderes. O orçamento vai com muito mais força para setor público do que para o regime geral. Quem tem privilégios deveria ter mais consciência da importância de reorganizar o sistema”, defendeu Maia.
O parlamentar ainda comentou sobre a proposta de criação de um regime previdenciário de capitalização
, uma das mudanças mais importantes defendidas pelo ministro Paulo Guedes desde a corrida eleitoral. Para Rodrigo Maia, não é possível criar um sistema puro porque isso poderia prejudicar os mais pobres. “Um regime puro de capitalização, em um País com tanta desigualdade, acho difícil. Precisamos proteger os que ganham menos”, afirmou.
Maia também voltou a criticar a parte da reforma da Previdência que muda as regras para a concessão do BPC
(Benefício de Prestação Continuada), voltado para idosos pobres, e para a aposentadoria rural. Na visão do deputado, mexer nesses pontos torna mais difícil a negociação do apoio à PEC com governadores de partidos mais à esquerda, como PT e PSB.
Para Maia, o governo deve negociar diretamente com os partidos para viabilizar a aprovação da nova Previdência
O presidente da Câmara também discursou sobre as negociações com parlamentares para viabilizar a aprovação da reforma. Para Maia, se o governo decidir conversar com as bancadas “temáticas” (como a ruralista, por exemplo) e não com os partidos, como os presidentes costumavam fazer, todo o processo pode sair mais caro do que o previsto. “A agenda das bancadas temáticas é manutenção e ampliação de benefícios fiscais
, o que custa caro”, disse.
O deputado ainda sugeriu que Mauro Benevides, do PDT, seja escolhido para presidir a comissão especial que vai discutir o projeto enviado pelo governo. “Se já avançar na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça] para alguns pontos bem claros de convergência entre a posição do PDT e a nossa, seria muito bom que o PDT pudesse presidir a comissão com o Mauro, que entende do tema e defenderá 90% do que está colocado”, afirmou.
Quanto ao convencimento da população e o combate às notícias falsas sobre a nova Previdência
, Maia alertou que o governo e seus apoiadores precisam usar a internet para defender a reforma. Segundo o presidente da Câmara, Bolsonaro deve, por exemplo, rebater o vídeo em que aparece dizendo ser conta a idade mínima. Para o deputado, se o governo não estiver presente nas redes sociais para debater e defender o tema, vai perder votos no Congresso.
Pré-candidato à Câmara Federal pelo PSB, o Vereador por Várzea Grande, Bruno Lins Rios se licenciou da UCMMAT (União das Câmaras de Mato Grosso), para alçar vôo mais alto. Empossado na entidade em 2021, Rios terá pela frente dois adversários de peso no partido, sendo a primeira-dama de Rondonópolis, Neuma de Morais e o Deputado Estadual, Alan Kardec. O vereador poderá se engajar exclusivamente como representante de Várzea Grande, já que outro pretendente ao mesmo cargo, o Vereador Rogerinho Dakar (PSDB), vê sua sigla “derretendo”. A idéia de Bruno é “bombar” na cidade industrial, para isso vêm se cacifando financeiramente e logicamente formar dobradinhas, dentre as metas, uma delas é aproximar da histórica votação em 2006 do ex-vereador Chico Curvo, batendo 37 mil votos.
Datafolha: 55% dizem que não votam em Bolsonaro de jeito nenhum
Dentre os pré-candidatos ao Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro é o que apresenta o maior índice de rejeição, aponta pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira: 55% dos entrevistados afirmam que não votariam nele de jeito nenhum. O desempenho é melhor que o apresentado na última pesquisa do instituto, quando essa porcentagem chegou a 60%. As duas pesquisas, contudo, não são diretamente comparáveis, já que houve mudanças na lista de candidatos.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é quem ocupa a segunda colocação no ranking, com rejeição de 37%. Na sequência, vêm o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com 30%; o ex-juiz Sergio Moro (Podemos), com 26%; e o ex-governador Ciro Gomes (PDT), que registrou 23% no índice.
Em um segundo bloco, com números menores, estão o governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB), com 14%; Vera Lúcia (PSTU), que registrou 13% de rejeição; Simone Tebet (MDB) e Leonardo Péricles (UP), ambos com 12%; e Felipe D’Ávila (Novo), que marcou 11%.
Leite, que perdeu nas prévias do PSDB para o governador João Doria, avalia um convite do PSD para concorrer à Presidência, além da possibilidade de concorrer pelo próprio PSDB no lugar de Doria — hipótese estimulada por aliados.
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A baixa rejeição a nomes do segundo bloco, no entanto, passa também pelo grau de conhecimento desses pré-candidatos entre os eleitores. Lula é o mais conhecido pelos entrevistados: 99% disseram saber quem ele é. O presidente Jair Bolsonaro tem índice de 98%, enquanto 90% afirmaram conhecer Sergio Moro. Ciro Gomes tem 89% de conhecimento e Doria, 80%.
Dos entrevistados, 42% dizem conhecer o governador Eduardo Leite, 31% conhecem Vera Lúcia e 30%, Felipe D’Ávila. A senadora Simone Tebet registra índice de 28%, enquanto Leonardo Péricles tem 20% de conhecimento.
O Datafolha ouviu 2.556 eleitores em 181 municípios de todo o país entre terça e quarta-feira desta semana. A pesquisada foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-08967/2022. O nível de confiança do levantamento – isto é, a probabilidade de que ele reproduza o cenário atual, considerando a margem de erro – é de 95%.