Foto: Demóstenes Milhomem
A falta de efetivação e a defasagem salarial são os principais problemas enfrentados pelos agentes comunitários de saúde e pelos agentes de combate às endemias, trabalhadores que formam a base do sistema de atenção básica de saúde. Em audiência pública realizada na manhã desta segunda-feira (25), na Assembleia Legislativa, foram definidas ações políticas que serão realizadas para garantir os direitos dos trabalhadores.
Entre elas, está cobrar o Tribunal de Contas do Estado (TCE) para que destrave a efetivação dos agentes. Segundo a presidente do Sindicato dos Agentes de Saúde de Mato Grosso (Sindacs), Dinorá Magalhães, apenas 2 mil dos cerca de 8 mil agentes de saúde do Estado são efetivos. Os outros têm vínculos precários, e atuam com contratos temporários ou vencidos.
“Esses trabalhadores são a porta de entrada da população ao Sistema Único de Saúde (SUS), monitorando famílias e identificando situações de risco. Vamos atuar ao lado das categorias e fazer pressão junto ao TCE, que é onde está travado todo o processo de efetivação. O TCE precisa ter sensibilidade e não burocratizar em excesso e, na prática, impedir direitos garantidos na Constituição Federal”, disse o deputado Lúdio Cabral (PT), que é médico e foi autor do pedido para realizar a audiência pública.
O parlamentar explicou que, por serem pessoas inseridas na comunidade, que precisam ser moradoras na região, não é possível realizar concurso público para o cargo. Desse modo, os agentes são contratados por meio de processo seletivo. A emenda constitucional nº 51/2006 garante a efetivação, porém, diversas prefeituras de Mato Grosso consultaram o TCE sobre os procedimentos necessários e o órgão exagerou na burocracia, o que acabou travando a efetivação.
As demandas dos agentes serão defendidas por uma frente parlamentar que será coordenada pelo deputado estadual Luiz Amilton Gimenez (PV), que também é médico. Lúdio Cabral e Guilherme Maluf (PSDB) apresentaram requerimento semelhante, porém, foram arquivados, em função de o requerimento de Gimenez ter sido protocolado primeiro.
Além da efetivação, os trabalhadores cobram capacitação, condições de trabalho e melhorias salariais. Em janeiro deste ano, começou a vigorar o piso nacional de R$ 1.250. “Nosso objetivo é formular políticas públicas para a saúde, com ação pautada na prevenção de doenças. A categoria sofre com baixos salários, falta de condições de trabalho e não cumprimento de leis federais”, citou Gimenez.
O defensor público e ex-deputado federal Valtenir Pereira (MDB) destacou a necessidade de luta constante pelos direitos dos agentes. “O possível a gente já fez, mas o impossível demora um pouco mais. Duas questões são inegociáveis: o salário a efetivação”, disse o ex-parlamentar, que presidiu uma frente nacional em defesa da categoria na Câmara Federal.
A sindicalista Dinorá Magalhães destacou a necessidade de o poder público fornecer uniformes e equipamentos de trabalho, como itens de primeiros-socorros e termômetro, além de transporte e tablets. “Esses profissionais não estão de enfeites nos municípios. Eles estão lá para cuidar da saúde da população. A população é quem sofre com a falta de condições de trabalho dos agentes”, afirmou Dinorá.